segunda-feira, 22 de junho de 2009

Hominis Nocturna

Hominis Nocturna


Eu, tetro herdeiro de um destino diro,
Condenado ao ostracismo destas chãs,
Sou hematófago ─ voraz vampiro ─
Duma imortalidade sem manhãs!

Cresce-me um metro, por dia, de cãs!
À noite, quando horrípilo me viro,
Com famulência de cem ramadãs,
Ah!, ninguém se oferece a dar-me um tiro!

Não vejo meu reflexo em meu espelho;
E tudo se revela como um dartro;
À vil monstruosidade me assemelho!

A minha vida é como um palco atro,
Onde o público é hirto, cego e anartro!
A minha vida é um sádico teatro!

Céu sem Estrela

Céu sem Estrela


Este céu onde estou não tem estrela
Nem nuvem, não tem nada, é tão vazio!
À noite ─ a solidão ─ faz tanto frio!
Há estrela longe, mas não posso vê-la!

Entre mim e ela há longínquo passo,
E a tenho em pensamento em pouco instante,
Mas quando penso tê-la em louco abraço,
Descubro-me sozinho e tão distante!

E quanto mais vago no céu imenso,
Um cansaço me toma e, então, penso:
“Ah! Talvez essa estrela não exista!”

Mas, tomado por toda esta descalma,
Ouço uma voz no fundo de minha alma,
Que me diz sussurrando: “Não desista!”